Musealidade

O museólogo Zbyněk Zbyslav Stránský seria responsável por deslocar o objeto da Museologia do museu, como instituição historicamente fundada, para a musealidade – entendida como um “valor documental específico”. Esse último conceito, central em sua teoria, o levaria a pensar a intenção cognitiva da Museologia como a de interpretar cientificamente “uma relação específica do homem com a realidade”, sendo o museu apenas um meio para essa relação ocorrer. Em sua opinião, a busca pelo caráter museal das coisas, que ele chamou de “musealidade”, devia estar “no centro da intenção gnosiológica da museologia”, como a tarefa científica dessa disciplina, delimitando o seu lugar no sistema das ciências.

Assim, o conceito de musealidade (“muzealita”), como a “qualidade” ou o “valor” dos musealia, aparece na obra de Stránský pela primeira vez em 1970, sendo então defendido como o verdadeiro objeto de interesse da Museologia. As primeiras tentativas de definir o termo, contudo, apresentavam problemas lógicos.

Se a Museologia estuda o valor existente nas coisas, ou sua qualidade museal, ela estaria mais próxima de um ramo de conhecimento prescritivo do que de uma ciência social. No entanto, como observado mais tarde pelo próprio Stránský, o papel do museólogo não devia ser o de apontar o valor nas coisas, mas o de compreender como e por que um objeto adquire valor. Assim, como indica Peter van Mensch, o conceito de musealidade seria modificado por Stránský ao longo dos anos, deixando progressivamente de ser interpretado como uma categoria de valor para ser pensado como “a própria orientação específica do valor”.

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